terça-feira, 27 de março de 2012

Pra distrair... ninguém é de ferro!!!

Acabei de sair da aula de Bonilla no Doutorado.
Muitas discussões que renderam muito pano pra manga.
Comentei como colega Daniel (e com a turma) que iria postar um vídeo engraçado e muito inteligente do Comédia MTV.
Pra descontrair.

Vejam:

http://www.youtube.com/watch?v=LL_sjfY6x60

Reflexões a partir do texto de André Lemos: Cibercultura como Território Recombinante.


Professor André Lemos nos dá uma perspectiva de leitura e compreensão sobre as principais características e efeitos da/na sociedade tecnológica a partir de uma ideia/hipótese/conceito de 'recombinação'.

Recombinar é uma marca latente de outro conceito: o de cultura. Toda cultura é híbrida, recombinante. E chama atenção do leitor quando alerta para o fato de que qualquer tipo de cultura quando se fecha em si mesma, quando torna-se uma mônada leibniziana, que se inicia e se encerra em si mesma, está eminentemente natimorta. Leia-se o ideal do projeto iluminista e em parte do 'projeto' do chamado Romantismo alemão.

Este professor trata no texto, a ação do verbo 'recombinar' principalmente para o contexto da cultura, do comportamento e da noção de território. Esse pequeno texto é a minha reflexão sobre esses dois primeiros contextos.

A sociedade tecnológica dá um novo dinamismo a essas noções e exige uma releitura de sua aplicabilidade no campo prático social.

Não sei se Lemos é leitor do frankfurtiano vanguardista, Walter Benjamin, mas os dois concordam que o que chama mais atenção nessa nova configuração social é a 'velocidade'. A velocidade com que se produz informação, a velocidade com que a tecnologia se desenvolve, a velocidade como a sociedade se reconfigura a partir dela. Para Benjamin, a velocidade seria a dádiva e o problema da 'modernidade'. E ele tinha razão.

Para Lemos a tecnologia da comunicação e informação estabelece de certa maneira uma divisão na história (período) do que se entende por era da 'cultura massiva' e da 'cultura pós massiva'. Quanto a cultura massiva ele compreende, assim como a Escola de Frankfurt, o período da sociedade pós revolução industrial até meados do século XX e como cultura pós massiva o advento das tecnologias da comunicação e informação até os dias de hoje.

Tem algo no texto que me incomoda ou me intriga justamente por não estar convencido de tal afirmação ou até por ter uma leitura incipiente sobre o tema: Lemos afirma que “A cultura digital pós massiva não representa o fim da industrial massiva. Por sua vez a industria massiva não vai absorver e 'massificar' a cultura digital pós massiva”.

Eu sou pouco relutante quanto a essa afirmação. 'Peraí' que te digo:

Primeiro temos que analisar o que significa o termo 'massificação'. Por certo não é um termo que atende tão somente a um recorte histórico determinado, mas, devemos admitir, que a sua ênfase, ou a aplicação desse termo foi mais adequada em Marx (quanto a questão da ideologia e da alienação) e nos frankfurtianos (quando uma analise da cultura, da formação cultural e da produção cultural na contemporaneidade).

A grosso modo, 'massificar' significa: Característica das sociedades desenvolvidas, para as quais o nível de vida tende a assumir valores padronizados; uniformização. Mas não podemos esquecer que tanto para Marx quanto para os frankfurtianos, 'massificar' não está ligada somente ao resultado, mas também ao processo formativo.

Dessa maneira 'massificar' é o plano 'arquitetado' em produzir cultura verticalizada como mercadoria inócua ao processo formativo e emancipatório do homem; 'massificar' é também o processo de facilitação ao acesso (acessibilidade) a esses bens culturais. Em termos, se facilita ao acesso desse tipo de cultura inócua e depois se tem uma sociedade reificada por esse consumo, por esse processo. Massificar é tornar massa; é uniformizar comportamentos.

Assim, na minha leitura, no meu ponto de vista (e volto a afirmar que por ser incipiente pode estar totalmente incorreta), a sociedade da informação ela já está massificada e isso pode ser visto com o comportamento dos usuários dessa tecnologia. O que não é massificado são as produções individuais dentro da rede.

Mas como o próprio André Lemos afirma, a cibercultura recombina a cultura e modifica todas as produções culturais em todas as instâncias da sociedade. A televisão hoje em seu conteúdo de programação é uma espécie de reflexo do que está fora dela. É um conteúdo planejadamente massificado em que se repetem fórmulas que dão certo.

Os Reality Shows por exemplo são a oferta de 'fuga' de um comportamento massificado da sociedade da cibercultura. Explico... os reality shows dão tão certo e atingem picos de audiência por oferecer, ao seu consumidor, uma vivência diferente da sua vivência habitual. É uma espécie de 'fuga' da sociedade como ela se vê hoje permeada e por vezes definida por essa tecnologia.

Não é admissível aos confinados qualquer contato com o mundo exterior a aquele e a proibição total de uso de equipamentos eletrônicos ligados à rede ou de comunicação à distância. As pessoas estão lá para interagir e experimentar situações e sensações que só podem ser sentidas, na grandeza de sua totalidade, se na condição face to face. Que situações e sensações são essas: medo, angústia, tristeza, conflitos pessoais, conflitos coletivos, alegrias, tristezas, raiva, frustrações dentre outras tantas.

Você se interessaria por um participante de um reality shou que estivesse fazendo o mesmo que você: twitando ou atualizando o seu blog ou conversando via mensseger, ou mexendo no seu tablet?

Imagine se os chamados 'brothers' estivessem discutindo diariamente do período de confinamento, sobre temas como filosofia política, problemas da educação no século XXI ou sobre Literatura comparada???

Numa reportagem vi que na Europa e nos Estados Unidos existem lugares específicos em que as pessoas pagam para entrar para tentar se 'desligar do mundo lá fora'. É o lugar que eu chamo de 'desintoxicação da conexão'. É um lugar 'mágico' (hahahaha) em que você simplesmente se desconecta, despluga-se. É um ambiente pensado nos mínimos detalhes para que você se sinta relaxado e distante da necessidade de estar 'ligado a' .

Sim, a cultura pós massiva já é massiva. E volto a afirmar que as produções é que são tão distintas. Mas temos que ter cuidado para que essas produções não sejam também massificadas e que não se tornem um substrato de si mesma repetindo-se e repetindo-se.


Vou ali.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre o Vídeo: Fronteiras do Pensamento - com Zygmunt Bauman


Sim, assisti ao vídeo.

Minha conclusão??? Sinceramente, não sei nem por onde começar.
Isso porque Bauman, na sua fala, fez uma espécie de 'raio X' da considerada 'Pós-Modernidade'. E essa avaliação foi tão contundente, tão perspicaz que fica difícil de resumi-la. Daria pra extrair dela teses densas de Doutorado e Pós-Doc.

Lá vai a minha tentativa.

Ele discutiu sobre a mudança no século XX de Sociedade de Produção para Sociedade de Consumo; sobre a chamada fragmentação da vida humana; sobre a Crise da Identidade do indivíduo; Sobre o enfraquecimento da Democracia e a crise do conceito de Estado/nação dentre outros.

No entanto, o que mais me chamou atenção foi sobre a diferença entre Comunidades e Redes. Bauman analisa, de forma generalizada, que Comunidade é algo que estamos inseridos ao nascer (querendo ou não), e que numa Rede, o princípio básico é o de estar ou não conectado - basta a ação de delete que vc estará ou não inserido em determinado grupo e excluir ou não uma pessoa do seu ciclo de amizades. Conecta-se ou desconecta-se.

O verbo 'conectar', no entanto, tem um sentido bem amplo: Deriva-se do Latim: CONNECTIO, “ligamento, junção”; É formada por COM, “junto”, mais NECTERE, “atar, unir”; Unir ou unir-se através de uma conexão; É ficar ligado em alguma coisa, ou seja, ficar fixado. Conectar, segundo o Dicionário Aurélio, dando um sentido atual a palavra, significa ter acesso a, ou contato com alguém, determinadas informações, serviços, entre outros, através de dispositivos computacionais postos em comunicação entre si.

Vamos mais fundo na etmologia da palavra e dar uma conotação mais contundente: pensar na conexão intrauterina entre mãe e filho. A pergunta é: 'Hoje, estamos realmente conectados?'. Estamos fazemos 'amigos' e ficamos invisíveis para o outro.

Quando este pensador discute sobre a diferença entre Redes e Comunidades, não dá apenas a perspectiva de explicitar conceitos, mas de fazermos pensar em questões atualíssimas e centrais como por exemplo as relações públicas e privadas mudaram em detrimento ao progresso da técnica na sociedade da Informação e Comunicação. Ele pergunta: “Que tipo de momento\ordem social vivemos hoje?”.

Encurtamos distâncias, quebramos barreiras, criamos um mundo sem fronteiras, socializamos e compartilhamos o conhecimento... a forma como nos comunicamos hoje em rede é incrível, é impressionante. E também incrível e impressionante é a forma como a técnica (re)configurou noções sólidas a exemplo do Estado. Qualquer alteração seja ela de ordem econômica, política ou social em qualquer parte do mundo, configura-se em reações em cadeia, em consequências vislumbradas em qualquer outra parte do mundo.

Quando ele pergunta que tipo de momento vivemos hoje, está perguntando também que tipo de indivíduo nos tornamos? Que tipo de sociedade estamos construindo?
Terceirizamos nossas responsabilidades, pertencemos a todo e a nenhum lugar, estamos deixando como herança às futuras gerações um mundo a ser construído e reconfigurado a cada segundo. Isso é fantástico, mas quais as consequências disso?

Bauman afirma que um dos principais temores de sua juventude seria o de figurar a opressão vertical onde o Estado se rebelaria, a qualquer instante, contra o indivíduo. No entanto, hoje, lamenta, o perigo maior está derivando-se na instância horizontal onde o privado, onde o indivíduo não importa-se tanto nas discussões para resoluções de problemas no âmbito coletivo. Estamos nos tornando, segundo ele, mônadas isoladas que procuram resolver problemas pessoais e satisfazer a necessidades íntimas.

Num post anterior sobre um texto de Bauman, eu brincava criando uma metáfora dizendo mais ou menos que “...se estamos vivendo um momento de liquidez, então ora bolas, façamos um suco”. Mas depois desse vídeo penso sobre que gosto teria esse suco. Mais adiante eu questiono: que consequências esse suco trará para minha saúde e a saúde de meul filhos e netos?

Não se trata aqui de uma crítica ao uso da Tecnologia e sim ao seu uso instrumental (como ocorreu na crítica de Adorno e Horkheimer ao uso da razão instrumental) 

Finalizo esse brevíssimo comentário (brevíssimo devido a densidade do vídeo), sobre mais outro 'desconforto' que Bauman nos causa ao referir-se a amálgama entre Liberdade e Segurança. Segundo ele, uma coisa não vive sem a outra, numa justa medida, e que sempre buscaremos um equilíbrio entre esses dois binômios. O problema é que cedemos muito de nossa Liberdade individual em prol de uma segurança promovida pela esfera pública.

E o mais aterrorizante é que além de não percebermos a sutileza dessa troca, também não se sabemos exatamente o conceito, o sentido e nem a profundidade da palavra 'liberdade'... por outro lado, na era da Tecnologia, Informação e Comunicação, temos a certeza de que somos livres.

Agora vou comer um pouco de chocolate... Bauman me deprimiu demais.

domingo, 18 de março de 2012

Vídeos sobre Aprendizado Tangencial

Olá...
Abaixo, disponibilizo dois links de programas exibidos pela MTV Brasil, no ano passado, que oferecem uma preciosa introdução para quem se interessa sobre o tema 'Aprendizado Tangencial em Jogos Eletrônicos'.

abr

Vídeo 1
http://www.youtube.com/watch?v=DZRw7gRLX5E

Vídeo 2
http://www.youtube.com/watch?v=3nZx6d4mgcE

sexta-feira, 16 de março de 2012

... A partir de Bauman

No prefácio e no terceiro capítulo do livro “Modernidade Líquida” de Zygmunt Bauman, inevitavelmente tive a sensação de estar sentindo um perfume filosófico atemporal. E essa ainda trazia consigo um misto de saudosismo e frescor aristotélico, marxista e pós-frankfurtiano.

Certo dia assisti a uma apresentação na TV Cultura de Sergio Paulo Rouanet que disse que para entender o visionário marxista era necessário compreender o mundo não só como ele é, mas como ele pode ser. É necessário, portanto ver a natureza mantida em sua sublime forma, mas dotada de ato e potência.

Se, se a verdade é fluida para Bauman, se o conhecimento é determinado pelo agora, se os sólidos estão derretidos, mas não entraram no estado de sublimação, então pega esse troço e faz um suco. Vamos aproveitar dele o que ele tem a oferecer.

O sólido derreteu, mas não evaporou... ele procura o seu espaço, continua a escorrer até desaguar em outros líquidos até formar a porção grande de um rio, de um oceano. Tudo está interligado. O conhecimento hoje está totalmente emaranhado em redes, imbricado com o devir da sociedade, do indivíduo. São mônadas que se intercruzam.

Para muitos teóricos, é difícil entender ou aceitar tamanha inconstância. Para tanto instauram a chamada crise do conhecimento - até mesmo para se sentirem um pouco mais confortáveis diante de um novo conceito e recuperarem o fôlego na sua zona de conforto ou numa bolha asséptica.

Toda solidez traz a ideia de conforto de segurança. E isto é bom, é muito bom. Mas creio que não vale a pena ficar aprisionado somente a ideias, conceitos e hipóteses que foram criados em determinando momento histórico. 

Isso não os invalida. Não, não. Pelo contrário, a história da civilização não percorreu uma avenida reta de piso regular e sim teve que enfrentar ruas, becos, vielas, buracos, subiu e desceu montanhas e sinuosidades... por isso é essencial a manutenção referência da construção do pensamento dos séculos passados.

O que talvez não seja pertinente, seja uma crítica raivosa ou descontrolada ao progresso da técnica (que sempre esteve presente em toda história da humanidade) ou ao conhecimento produzido e compartilhado coletivamente.

Li certa vez numa revista destinada a educação, que a passagem entre o papiro e o códice foi feita de forma lenta. Com o pergaminho a leitura tinha que ser feita linearmente e com o advento do códice, (forma de encadernação) além de uma forma mais ergonômica, permitiu o desenvolvimento e a fruição cultura e do conhecimento por meio de uma leitura mais pontual. Mas essa 'passagem' foi feita de forma lenta e recebeu várias críticas.

Devemos estar nesse hiato de tempo. Sem saber onde o avanço da técnica irá nos levar. Sem saber onde as Tecnologias da Comunicação e da Informação irão conduzir o pensamento humano, o conhecimento. E talvez não saibamos nunca. Não há limites para esse avanço.

Mas como um apreciador do pensamento frankfurtiano e leitor atento dos escritos adornobenjaminianos, mantenho a minha preocupação, assim como Bauman, do que o uso da técnica de forma irresponsável pode trazer tanto a produção do conhecimento quanto à vida em sociedade. Não sei se a palavra/conceito 'alienação' caberia aqui. Talvez a expressão 'reificação do sujeito', conforme Adorno nos brinda, se aplicaria melhor.

A “era da instantaneidade” como cita Bauman (p. 148) não pode nos deixar esquecer de como chegamos atá aqui e nem desvalorizar o esforço de nossos antecessores em construir um edifício filosófico que contivesse a formação cultural da humanidade em prol de uma sociedade mais justa e harmoniosa.

Bauman se mostra um entusiasta da (pós) modernidade, e, assim como eu, lembra que não podemos esquecer, apesar de todo o frenesi e assombro diante do avanço da técnica, que barbáries já foram cometidas em nome do progresso. E talvez tenhamos hoje condições e ferramentas intelecto-culturais para não deixar que aberrações e erros como os feitos no passado, sejam novamente cometidos e que tenhamos toda uma eternidade para nos arrepender.

... é que as vezes quanto mais se sabe, quanto mais se conhece, quanto mais se aprende, mais infeliz se pode ser.

terça-feira, 13 de março de 2012

Retornando à ìtaca

Pensando ainda no Aprendizado Tangencial:

Ulisses se tornou rei, conquistou sua identidade quando, no seu retorno a doce Ítaca, enfrentou diversos perigos e todos à base de sacrifício, renúncias, coragem e astúcia.

Quando uma criança se torna um player de jogos eletrônicos, ela condensa nesse simples ato, e de forma inconsciente, o seu retorno à Ítaca como na "Odisséia" escrita por Homero.

Ela faz muito mais do que jogar; Ela faz muito mais do que entreter-se... ela está formando a sua própria identidade ao passo que joga.

Aprendizado Tangencial é, a grosso modo, tudo aquilo que se aprende e apreende simultaneamente e inconscientemente, paralelo a outra atividade. 

Em miúdos, enquanto se joga, se aprende. 
E muito.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Aprendizado Tangencial

Estou pesquisando sobre aprendizado tangencial. Descobri um cara fora de série... o game design James Portnow (desenvolvedor da série famosa de jogos de videogame "Call of Duty") que discute sobre "Aprendizado Tangencial" em qualquer tipo de game.
E pra você que pensa que games é coisa para criança está redondamente enganado.
É coisa de "gente grande" e tem despertado interesse cada vez maior de educadores e de psicólogos no mundo inteiro.
A pergunta é: "Videogames servem apenas para o entretenimento"?
NÃO. E com o tempo te digo o porque.

até mais
Julio