quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Homenagem aos Imigrantes nos EUA

Essa foi uma singela homenagem de uma fotógrafa aos imigrantes dos EUA que pegam no pesado.
Ela precisa vir até São Paulo pra fazer alguns cliques nas fábricas clandestinas de roupas de lá - condições sub-humanas para os bolivianos, paraguaios, chilenos e de qualquer outra nacionalidade e etnia que se tornam mão de obra excedente e barata.

Imigrantes ilegais viram super-heróis em ensaio nos EUA

Achei Bacana.

abr

" O Futuro é Livre!"


Lembram do Napster??? 


Pois é, quando chegou ao Brasil tornou-se febre entre os que compartilhavam músicas online. Lembro que corri rapidinho para comprar um drive com gravador de CD para baixar minhas músicas em MP3. 
Contraventor, eu???? Deixa quieto.

A banda Metallica, que eu gosto tanto, encabeçada pelo baterista Lars Ulrich (nota: apesar desse lapso de insanidade, o miserável toca muito), entrou com um processo contra a Napster juntamente com o apoio das grandes gravadoras (Sony e Warner) e fecharam-na. E se me recordo bem, pegaram dois ou três cidadãos norte americanos "para cristo" e os processaram para que pagassem alguns mil dólares, cada um, às gravadoras por terem causado prejuízo ao baixar músicas ilegalmente. Foram mostrados para o mundo todo como exemplo. 

Depois disso, o lobby aumentou contra os programas 'p2p' de que utilizá-los seria considerado crime contra o patrimônio - inclusive alguns tutorias meio suspeitos aqui no Brasil desencorajavam os usuários alegando que ao baixar uma música na internet vc poderia estar também trazendo para seu computador 'cavalos de tróia' que apagariam todo o conteúdo do seu disco rígido e tantas outras barbaridades.

Eu vejo atos bem parecidos acontecendo em torno dos chamados software livre.

O lobby é imenso. Começa por uma perspectiva ideológica que se estabelece culturalmente para nós entre o público e o privado (tudo que é público, que é gratuito, não presta). Mas essa 'ideologia' é facilmente incutida na maioria dos brasileiros devido ao fato de que temos exemplo na qualidade precaríssima do serviço público em geral. Logo, quando se ouve que algo é gratuito, como o software livre por exemplo,  as pessoas se remetem imediatamente a essa perspectiva e se estabelece, se consolida a ideia de que sua qualidade é, ao menos, duvidosa.

E tem mais... A maioria dos equipamentos vendidos hoje como impressoras, scaners, jogos eletrônicos e tantos outros equipamentos, já vem com a facilidade do plug and play - funcionando perfeitamente nos softwares licenciados. E aqueles que não são plug and play, e que acompanham drives de instalação em CD, não vem com a opção de instalação de programas livresÉ como um cartel.

Fora o fato de que a maioria desses equipamentos não fornecem esse tipo de suporte mesmo online,  infelizmente.

Quando se compra um PC, note, net ou ultrabook no mercado não se tem a possibilidade de exercício democrático de escolha. A 'vedete' do momento, o windows seven, já vem instalado de fábrica e a maioria dos equipamentos adicionais são todos pré instalados dentro desse mesmo software proprietário. 

Na minha última visita a uma famosa loja daqui de Salvador, especializada em venda de eletrônicos, questionei do vendedor se ele não apresenta a possibilidade ao comprador de levar um software livre pré instalado (ou para instalar) e ele me respondeu,  indagando: "Software Livre? não sei o que é"

Respondi rapidamente a ele, dando o exemplo do LINUX como software Livre. E ele retrucou: 

"Rapaz, ninguém quer o Linux. Mesmo porque não presta. O comprador pergunta logo se tem o Windows instalado. Se não tiver ele paga um pouco a mais pela máquina que tenha, para não ter trabalho de procurar instalar programas para usar a impressora, por exemplo. Outra coisa: tem cliente que não pergunta e dias depois volta com a máquina para trocar por uma que tenha o Windows. Então as máquinas ficam encalhadas no depósito. Além disso, aqui na loja, se eu oferecer uma máquina com o Linux por exemplo, eu estou perdendo dinheiro. O Sr quer uma máquina com o LINUX ?".

O colega que estava do meu lado, o real comprador, de forma polida, educada, respondeu: "Não, Eu não quero essa porra não!". 
Lindo. Se numa frase composta por 7 palavras, três dela são 'não', o que dizer mais???
Nessa situação pude perceber que além de desconhecer o que significa um software Livre, as pessoas tem o Linux, não como tal, mas apenas como 'um programa que não presta e que ninguém quer'. E reproduzem isso com extrema facilidade.

ORCA - Software Livre para Inclusão de Deficientes Visuais
http://samadeu.blogspot.com.br/2007/12/orca-software-livre-para-incluso-dos.html

Pois bem. Creio que além de costume, existe também o medo do novo, o de se (re)adaptar, (re)aprender, (re)instalar e o de (re)conhecer pouco mais sobre toda a ideologia que envolve o software livre. Sergio Amadeu no seu livro "Software Livre: A Luta pela Liberdade do Conhecimento"# , escreve que:

Trabalhar com os elementos diversionistas que permitam ampliar o medo de novas soluções, ampliando as dúvidas sobre quaisquer possibilidades de inovação fora dos limites de seus produtos. Usar todo o seu poder para explorar o controle que tem sobre o mercado de sistemas operacionais para manter aprisionados seus usuários visando controlar o futuro das aplicações [...]Seja feliz, seja prisioneiro! Este é, no limite, o produto final da estratégia do medo. 
(cap VII, pg 54)

Mesmo porque a maioria das pessoas que defendem a chamada 'Inclusão' digital, desconhecem o que trata realmente a política do software livre. Ou melhor, eu ousaria em dizer que, quem defende a política de 'inclusão' digital e que não defende ou que desconhece tudo que está por trás e do que preconiza o movimento do/para softwares abertos, tem apenas um conhecimento superficial do assunto e precisa rever todos esses conceitos que não podem ser, de jeito algum, dissociados. 



Esse livro está disponível: http://www.fpa.org.br/uploads/Software_livre.pdf

sexta-feira, 1 de junho de 2012

INCLUSÃO (Parte I) OS 'CRISTÃOS NOVOS' E A 'POLÍTICA DO TAMBOR'



Já escrevi antes neste mesmo blog, de forma muito breve, sobre o que acho do conceito de inclusão. Pois bem, estava na sala de aula na semana passada e fiquei muito, mas muito feliz pela forma como a Profª Bonilla conduziu suas observações e críticas sobre a noção de inclusão. Foi ali que percebi que compartilho da mesma ideia, me sentindo, portanto, bem a vontade em apresentar minhas breves observações sobre aquele tema. Então vamos lá.

Você se recorda daquela sua aula de história que versou sobre o processo de colonização no Brasil? Lembra-se da prática dos padres jesuítas? Mais especificamente, lembra-se da noção (missão) que eles tinham sobre alfabetização? A ideia cristalizada de alfabetizar naquela época consistia, também, em estabelecer a língua portuguesa e a inserção religiosa da santa igreja em solo recém-descoberto, para aqueles 'sub-humanos', bárbaros de pés no chão, de pele bronzeada e de bunda de fora.

Alfabetizar significava também estabelecer um solo seguro, cultural principalmente, para o processo de colonização. Alfabetizar naquele contexto propunha a universalização – uma “Educação para todos” (vixe... essa frase eu já vi ou ouvi em algum lugar). Colocavam todos numa sala improvisada e faziam inserções e inferências de uma nova língua àqueles, numa proposição desautorizada de outras formas do saber e do conhecer humano. E tudo isso em prol de uma espécie de sistematização de uma língua padrão. Todos os 'bunda de fora' deveriam ser incluídos.

É necessário que todos sejamos alfabetizados, universalmente, para que a partir daí, se busque os seus próprios caminhos do agora cidadão letrado.

O verbo 'incluir', significa também, tirar de um lugar ou condição e colocar em outro; fazer pertencer a um lugar ou condição que não se pertencia. Tanto na prática catequética de alfabetização indígena pelos portugueses, quanto na construção de uma nova ordem social européia, na época dos contratualistas do Iluminismo, que apresentaram uma prática da inclusão adotada pelo Estado de direito aplicados de forma tendenciosa para proteger a aristocracia inglesa.

A inclusão, como se tem conhecimento hoje no Brasil não foge a essa regra. Tornou-se verbo de conjugação fácil e de uso comum na nossa prática política. O modelo de sociedade e de desenvolvimento que escolhemos e alimentamos coaduna com a prática do verbo incluir. Servem como base de sustentação de projetos hediondos non sense que apenas demonstram com clareza o nosso total despreparo no agir e gerir tudo aquilo que é público.

'Inclusão' é para o governo brasileiro um ato de constante benevolência construídos e constituídos horizontalmente para os novos 'bundas de fora'; são edificações cimentadas sob o lodo; são projetos pensados como estratégias para perpetuação político partidária; Incluir é tornar cidadão; é tirar da rua; é conceber direitos; Incluir é o politicamente correto; é tornar ativo politicamente e economicamente; Inclusão é a ação e\ou conjugação de um verbo sem qualquer direção, sem qualquer norte; incluir é dar o pertencimento a alguém; é uma forma de tirar a miséria do campo de visão dos emergentes; inclusão é tornar invisível.

Inclusão é o alfabetizar universal; é a (re)construção do Estado de direito (liberal) ministrando placebo para uma legião de doentes terminais; é trazer uma falsa esperança para quem dela depende.

A política brasileira se apropriou da noção de inclusão, como ferramenta essencial, como base sólida para a construção de políticas públicas que encerram-se em si mesmas. Afinal, o que seria dos projetos que brotam como água dos gabinetes se não fosse a 'inclusão'? O que seria da retórica do palanque se não fosse a esperança contida nesta palavra? O que seria da prática política panfletária???

A educação é o seu alvo principal. As políticas públicas de inclusão dão as chaves dos cofres públicos ao Terceiro Setor para a promoção da Cidadania através de projetos como, por exemplo, os da “Política do Tambor'. Sim, aqueles que prometem tirar crianças e adolescentes das ruas garantindo o seu futuro no mercado de trabalho através da música, aqui em Salvador. Não se nega o valor sociocultural dessas Ong's e nem se pode esconder que um ou outro cidadão chega a exercer a sua profissão de músico. Mas a enorme maioria daqueles esperançosos tornam-se excesso de contingente são a mão de obra excedente. Resultado: voltam às ruas.

Foram apenas 'alfabetizados' musicalmente.

'Incluir', para o nosso governo, é alfabetizar. A preocupação é torná-los 'cristãos novos'. O objetivo não é oferecer uma formação que dê chance de competitividade e/ou formação de cidadãos com uma consciência política e atuantes na sociedade... Não se importam nem com o processo e nem com o 'day after' e sim com a implantação dessas políticas que possam figurar a sua propaganda partidária nas fotos e filmagens da entrega, com pompa, do canudo com laçarote vermelho e sem conteúdo.

O processo de 'inclusão' é, portanto, na mesma medida, promotora de exclusão.

terça-feira, 22 de maio de 2012

A T.A. e o Chão da Sala de Aula - Assistiva pra quem 'Rapá'??


Pôxa...
Lá vem esse cara chato criar problema de novo!!!

Ah... não quero saber se é essa a sua opinião. Vou ser chato (de novo)!
O tema é profundo, intrigante, essencial, e, como afirma o Prof. Teófilo Galvão, um conceito razoavelmente novo que ainda está em processo de construção, de solidificação.

Li o texto do Prof Teófilo, “Tecnologia Assistiva: De que se Trata?” e compreendi um pouco do conceito, da noção básica do que viria a ser T.A. E foi graças a esse texto, que pude ampliar até mesmo minha compreensão sobre aquilo que achava que entendia sobre o tema. Para mim T A , já que na sua nomeclatura vem a expressão 'tecnologia', me limitava a pensar que se tratava de tecnologia (científica) avançada, como equipamentos de última geração que promoveriam certo bem estar a pessoas com necessidades especiais. É também isso. Mas uma bengala, uma muleta pode ser considerada, de certo modo, como TA.

Até então estava tudo azul e bonito como a novela das seis. De repente li o texto de Mônica Peregrino (Armadilhas da Exclusão: Um Desafio para a Análise) e o capítulo 6 da Tese do Prof Teófilo (Analisando a realidade Encontrada e Inferindo Possibilidades) e meu mundo de algodão doce e alegria retornou mais uma vez ao seu normal num inverno no inferno nevando brasas de um céu negro.

Isso porque, inevitavelmente, lembrei do curso de Especialização promovido pela UFBA / FACED destinado a professores da rede Municipal de ensino que findou no ano passado, que participei como professor. Lembrei de alguns alunos e alunas que me procuravam durante os intervalos das aulas ou em intermináveis conversas via Skype, telefone ou Msn para desabafar sobre a sua situação em sala de aula com crianças com necessidades especiais.

Ambos, professores e alunos, foram jogados uns diante dos outros para que dessem vida ou para que justificassem, direta ou indiretamente, o equivoco comum que se tem da noção de inclusão. De repente professores da Rede Municipal começaram a analisar as suas ações diante dessa situação e pude perceber, num discurso comum a todos eles, que se consideravam e declaravam a quem quisesse escutar, como mecanismos promotores de exclusão.

Outro discurso comum entre aqueles tantos, que na maioria das vezes vinham acompanhados de lágrimas que lhes saltavam dos olhos, é que eram mães e pais de família e que não conseguiam dissociar o fato de que poderiam ser os seus filhos lançados naquelas condições e que teriam um professor que, como eles, não saberiam o que fazer em sala de aula. Eles começaram a ler sobre Tecnologia Assistiva e a tentar fazer TCC's no intuito de minimizar ou de 'purificar' aquele sentimento de culpa sobre suas atividades do dia a dia.

Gostaria então, nesse contexto, nesse momento, a sugerir aos colegas de sala e as meninas que irão apresentar o seminário sobre T.A, (que com certeza darão conta do recado, pois são muito competentes – basta observar a clareza e precisão de seus discursos) que ao menos digam o que pensam sobre políticas públicas que promovem a ' inclusão' na rede Municipal de educação de crianças com necessidades especiais e a realidade dessas nas salas de aula.

Não sei se as coisas melhoraram no último ano e meio – espero que sim. É, no meu entendimento, necessário revermos um pouquinho, dentro do tema de TA, mais esse equivoco político sobre o conceito de 'inclusão de gabinete'. Me senti pouco mais seguro em propor essa discussão na medida em que minha leitura do capítulo 6 do prof Teofilo avançava e ia se descortinando também algumas situações encontradas por ele durante sua pesquisa.

Vou ali tomar meu chá de camomila e meu suquinho de maracujá.

sábado, 5 de maio de 2012

Mas que Diabos é Interatividade?


Como se não bastasse toda a insuficiência conceitual da palavra 'interatividade', lá vem agora o conceito de 'interação'. Ainda em tempo: Não é na verdade a insuficiência conceitual e sim o volume grande de conceitos diferentes sobre o tema sem um 'chão firme'.

Pra ser bem sincero e direto, vou me utilizar de uma representação bem simples para tentar expor a minha opinião conceitual (do que até então achava suficiente) do que é (ou era) interatividade e interação:

Interatividade era a capacidade de qualquer equipamento em si em promover a interação entre/com outros equipamentos, suportes, plataformas... e interação seria o resultado desse processo; Como se interação fosse o processo e o resultado (ação) e interatividade fosse a capacidade de tal equipamento (veículo).

Após as leituras indicadas pela equipe que apresenta o seminário, ai sim, a coisa toda virou um bolo só. Depois do texto de Levy no livro “Cibercultura”, ainda estou tentando compreender: penso que tenha a ver não só com a capacidade de relação (o relacionar-se com), mas também com o de colaborar, remixar, expor, transformar, construir junto...

Na página 83 do livro de Levy, o Quadro 3 mostra os diferentes tipos de interatividade. Tentei visualizá-lo de forma sistemática e percebi que ele ' explica' que o processo de interatividade nas redes é muito mais percebendo as potencialidades dessa e reconfigurando o termo, não só com a capacidade de relação, mas principalmente de participação efetiva entre vários atores, 'modificando' continuamente determinado produto.

Vou dar um exemplo pessoal: num jogo virtual offline meu processo de interatividade é bastante limitado pois refere-se a eu e a I.A. (Inteligência Artificial) do Console. Mas quando jogo online a situação é bem outra. Me sinto completamente imerso no processo; me sinto como parte integrada de um processo que eu não pertencia se estivesse offline, principalmente pela presença simulada de outros. Ou seja, jogando online eu penso estar passando por um 'processo de significação coletiva' 
(vários – Tecnologias e Novas Educações, p. 129).


Então por favor Sigmar, Harlei e Ugo...expliquem mais... 
Expliquem direito pq sinto que falei, falei, mas que não disse nada!!!!.

abr

terça-feira, 24 de abril de 2012

CONCEITOS SOBRE OBJETOS DE APRENDIZAGEM

Pesquisando sobre Objetos de Aprendizagem vi (juntamente com meu comparsa Daniel), que existem vários autores que escrevem vários conceitos sobre o tema. 
Mas cada um de nós, considerou um conceito, digamos, mais apropriado. Destacamos:


"o termo objeto educacional (learning object) geralmente aplica-se a materiais educacionais projetados e construídos em pequenos conjuntos com vistas a maximizar as situações de aprendizagem onde o recurso pode ser utilizado. A ideia básica é a de que os objetos sejam como blocos com os quais será construído o contexto de aprendizagem".                        

Marie Christine Fabre


'(...) a definição de Wiley (2002: 6) na qual afirma que um objeto de aprendizagem “…é um qualquer recurso digital que pode ser reutilizado para suportar a aprendizagem" [...] O fato de os objectos de aprendizagem serem formados preferencialmente por unidades de formato reduzido que, no entanto, são dotadas de um modelo organizacional próprio num quadro   pedagógico,   permite   e   encoraja   a   sua   utilização   numa   perspectiva   flexível   das configurações   dos   processos   de   instrução   e   aprendizagem'.

Paulo Dias



Pois é...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sobre a Apresentação dia 24/04 na Aula de Bonilla

Amigos, cidadãos romanos...




O tema Objetos de Aprendizagem não é fácil mesmo.
Eu e Daniel iremos nos apresentar nesta terça 24/04... digamos que iremos compartilhar nossas dúvidas!!!

Segue uma espécie de 'breve roteiro' dessa apresentação:


Primeiro Momento: O A's de que lugar e de que coisas estamos falando;
O RIVED e o CESTA

Segundo Momento: uma perspectiva conceitual sobre o tema:
AA
ROA
Objetos de Aprendizagem; Recursos Educacionais Abertos; Recursos de Aprendizagens Digitais


Terceiro momento: Proposições de questões para alimentar o debate.

Pois é isso ai amigos.
Teremos um tempo de (talvez) 20 minutos de apresentação e o tempo restante para o debate - antes das apresentações dos colegas, é claro.
Os textos propostos por nós foram lançados na lista. São sugestões.

... Que a força esteja com você!!!
e conosco também.

abr

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Peso do Natimorto

Da nossa última aula com a Profª Bonilla (03/04/2012) saí bastante pensativo. Triste na verdade.

Discutíamos, dentre outras tantas coisas, sobre a diferença entre Cultura Digital e Cibercultura. Liamos as contribuições do Prof André Lemos, Santaella e Rogério da Costa sobre o tema e dessas recaímos no problema do modelo atual de educação em nosso país - Aquele que conhecemos que abarca a velha máxima de “... novas ferramentas, para velhas práticas” ou (“Bolo velho com cobertura nova”)

Minha tristeza deriva do fato de que estávamos juntos, mestrandos e doutorandos, numa sala de aula, numa noite quente de terça feira discutindo sobre conceitos importantes que por certo mudariam a educação no Brasil para melhor, enquanto a realidade das escolas, principalmente no interior de nosso Estado passam por dificuldades de infraestrutura e de saneamento básico.

Computadores sem rede elétrica.

A tristeza dá lugar à raiva quando se pensa na perspectiva monádica das políticas públicas que se encerram em si mesmas e que não ouvem as vozes que vem das ruas e que não saem dos gabinetes para ver a realidade do dia a dia das escolas.

As vezes temos quase que a necessidade de achar um culpado... ai vem o Estado e a sua falta de interesse político para resolver esses problemas. Mas como dizem, 'o buraco é sempre mais embaixo'. E nesse caso, mais em cima... refiro-me ao modelo de desenvolvimento que escolhemos para o nosso país que, na educação principalmente, prioriza e permite a gestão de organismos internacionais que injetam recursos no Governo Federal voltado para esse segmento.

Escolhemos. Permitimos.

Quem paga dá as cartas. E as cartas, nesse caso, podem ser definidas como resultados positivos nos níveis de aprovação - a qualquer custo. Adotamos a política de “alfabetização” invés de “formação”. Pode parecer simples, mas quando se utiliza da noção de alfabetização, essa palavra vem carregada consigo de um contexto equivocado de educação que vem desde a prática jesuítica de catequese .

O equivoco deriva da ideia de que alfabetizar o Brasil significa 'dar, permitir acesso'; Por sua vez dar acesso tem a ver com distribuição massiva; distribuição massiva tem a ver com política das/ para as massas. Os RECNEI'S, LDB's, PCN's obedecem a essa mesma prática: Produção para resultados. Isso me fez lembrar da política dos órgãos de fomento em pesquisa no Brasil a exemplo da FAPESB e CAPES e a busca pela produção e pela 'quantidade' do Lattes.

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o BM (Banco Mundial), por exemplo, determina quanto e como devem ser aplicados esses recursos em educação no Brasil. O troço é tão 'escroto' (perdoem-me o uso da palavra. Só consegui pensar nela) que cada criança torna-se um dado para bases estatísticas onde sua aprovação representa um valor a ser investido e cada aluno reprovado representa dois números negativos, ou seja, duas vezes menos o valor do recurso equivalente aos aprovados. Daí justificam-se as aberrações que todos conhecemos e a busca desenfreada pela aprovação nas escolas públicas e também em algumas instituições privadas de ensino superior.

O UCA por exemplo, foi atingido por essa prática perversa. Primeiro porque, como disse bem a Professora Bonilla, na concepção política brasileira, 'qualquer coisa' serve para a escola. Os computadores destinados a esse projeto mais parecem processadores de texto e que estão muito aquém da qualidade mínima exigida para o uso em sala de aula. Por certo, esses 'gestores terceirizados' não sabem da potencialidade que as TIC podem oferecer à educação. Nossas políticas públicas, se orientadas por essa prática perversa, são natimortas, fadadas ao fracasso. A não ser que os resultados obtidos até agora, baseados na distribuição, sejam a referência.

E gerações e gerações continuam a carregar esse peso natimorto.

Em outra postagem eu citava um texto do prof. Claudemir Bellintane que discutia sobre o avanço das TIC na sala de aula e o exemplo que ele usou entre os suportes pergaminho e o códice (forma de encadernação). Além de uma fantástica evolução no que se refere a leitura e interpretação dos textos (que não eram mais feito de maneira linear e poderiam ser revistas e comparadas), houve um hiato entre a passagem de um suporte para o outro. E desse hiato de tempo, houveram 'resistências'.

Talvez estejamos ainda passando por esse hiato de tempo entre o suporte físico e o virtual (repito). Mas podemos e devemos mudar a concepção de educação que tanto nos aborrece, entristece e atrasa. Temos hoje acesso à informação e elementos técnicos e conceituais suficiente que por certo nos permitiriam uma ruptura com esse modelo de educação que temos – aquele das velhas práticas. Precisamos, não sei de que forma, romper com essas amarras que nos impedem de produzir qualitativamente cidadãos invés de quantitativamente indivíduos.

Em sua fala, Profª Bonilla dizia que não concorda com a expressão “Inclusão Digital” e que por falta de outra essa é a coletivamente usada por diversos autores e pensadores e serve como uma luva às aspirações e discursos contidos nos documentos oficiais que contemplam nossas políticas públicas em nosso país e de quem as produz.

Talvez a 'negativa' da Profª Bonilla a essa expressão deriva-se do fato de que a palavra 'inclusão' remete a essas práticas perversas e equivocadas; Talvez porque a palavra 'inclusão' também lembra a política de 'alfabetização' e de 'acesso massivo'; 'Incluir' significa, também, tirar de um lugar ou condição e colocar em outro, fazer pertencer a um lugar ou condição que não se pertencia.

É só isso que queremos??? É disso que precisamos? É isso que buscamos??? Não. Mas é isso que temos e também o que produzimos.

Talvez tenhamos que pensar na possibilidade de uma 'Formação Digital' que não signifique apenas fazer pertencer... mas pertencer e dialogar até mesmo criticamente a essa nova pertença. É fazer com que se contribua social e coletivamente. Mas a pergunta persiste: O que estamos fazendo para que isso aconteça?

É claro que não podemos 'jogar fora a criança junto com a água do banho'. É claro que a Cibercultura / Cultura Digital não fará com que se apague tudo de bom que foi feito no passado – e nem é essa a proposta. Mas o certo é que podemos e devemos repensar e resignificar nossas antigas práticas e modelos. Mas essa mudança tem que ser realizada horizontal e verticalmente.

Dai, talvez, as discussões parem de ser mais sobre o novo penteado da atriz famosa e seja mais voltados para um bem (aristotélico) coletivo que diga mais sobre nossas vidas, sobre o nosso futuro e sobre as nossas possibilidades de construção e harmonia coletiva por meio principalmente da educação.

terça-feira, 27 de março de 2012

Pra distrair... ninguém é de ferro!!!

Acabei de sair da aula de Bonilla no Doutorado.
Muitas discussões que renderam muito pano pra manga.
Comentei como colega Daniel (e com a turma) que iria postar um vídeo engraçado e muito inteligente do Comédia MTV.
Pra descontrair.

Vejam:

http://www.youtube.com/watch?v=LL_sjfY6x60

Reflexões a partir do texto de André Lemos: Cibercultura como Território Recombinante.


Professor André Lemos nos dá uma perspectiva de leitura e compreensão sobre as principais características e efeitos da/na sociedade tecnológica a partir de uma ideia/hipótese/conceito de 'recombinação'.

Recombinar é uma marca latente de outro conceito: o de cultura. Toda cultura é híbrida, recombinante. E chama atenção do leitor quando alerta para o fato de que qualquer tipo de cultura quando se fecha em si mesma, quando torna-se uma mônada leibniziana, que se inicia e se encerra em si mesma, está eminentemente natimorta. Leia-se o ideal do projeto iluminista e em parte do 'projeto' do chamado Romantismo alemão.

Este professor trata no texto, a ação do verbo 'recombinar' principalmente para o contexto da cultura, do comportamento e da noção de território. Esse pequeno texto é a minha reflexão sobre esses dois primeiros contextos.

A sociedade tecnológica dá um novo dinamismo a essas noções e exige uma releitura de sua aplicabilidade no campo prático social.

Não sei se Lemos é leitor do frankfurtiano vanguardista, Walter Benjamin, mas os dois concordam que o que chama mais atenção nessa nova configuração social é a 'velocidade'. A velocidade com que se produz informação, a velocidade com que a tecnologia se desenvolve, a velocidade como a sociedade se reconfigura a partir dela. Para Benjamin, a velocidade seria a dádiva e o problema da 'modernidade'. E ele tinha razão.

Para Lemos a tecnologia da comunicação e informação estabelece de certa maneira uma divisão na história (período) do que se entende por era da 'cultura massiva' e da 'cultura pós massiva'. Quanto a cultura massiva ele compreende, assim como a Escola de Frankfurt, o período da sociedade pós revolução industrial até meados do século XX e como cultura pós massiva o advento das tecnologias da comunicação e informação até os dias de hoje.

Tem algo no texto que me incomoda ou me intriga justamente por não estar convencido de tal afirmação ou até por ter uma leitura incipiente sobre o tema: Lemos afirma que “A cultura digital pós massiva não representa o fim da industrial massiva. Por sua vez a industria massiva não vai absorver e 'massificar' a cultura digital pós massiva”.

Eu sou pouco relutante quanto a essa afirmação. 'Peraí' que te digo:

Primeiro temos que analisar o que significa o termo 'massificação'. Por certo não é um termo que atende tão somente a um recorte histórico determinado, mas, devemos admitir, que a sua ênfase, ou a aplicação desse termo foi mais adequada em Marx (quanto a questão da ideologia e da alienação) e nos frankfurtianos (quando uma analise da cultura, da formação cultural e da produção cultural na contemporaneidade).

A grosso modo, 'massificar' significa: Característica das sociedades desenvolvidas, para as quais o nível de vida tende a assumir valores padronizados; uniformização. Mas não podemos esquecer que tanto para Marx quanto para os frankfurtianos, 'massificar' não está ligada somente ao resultado, mas também ao processo formativo.

Dessa maneira 'massificar' é o plano 'arquitetado' em produzir cultura verticalizada como mercadoria inócua ao processo formativo e emancipatório do homem; 'massificar' é também o processo de facilitação ao acesso (acessibilidade) a esses bens culturais. Em termos, se facilita ao acesso desse tipo de cultura inócua e depois se tem uma sociedade reificada por esse consumo, por esse processo. Massificar é tornar massa; é uniformizar comportamentos.

Assim, na minha leitura, no meu ponto de vista (e volto a afirmar que por ser incipiente pode estar totalmente incorreta), a sociedade da informação ela já está massificada e isso pode ser visto com o comportamento dos usuários dessa tecnologia. O que não é massificado são as produções individuais dentro da rede.

Mas como o próprio André Lemos afirma, a cibercultura recombina a cultura e modifica todas as produções culturais em todas as instâncias da sociedade. A televisão hoje em seu conteúdo de programação é uma espécie de reflexo do que está fora dela. É um conteúdo planejadamente massificado em que se repetem fórmulas que dão certo.

Os Reality Shows por exemplo são a oferta de 'fuga' de um comportamento massificado da sociedade da cibercultura. Explico... os reality shows dão tão certo e atingem picos de audiência por oferecer, ao seu consumidor, uma vivência diferente da sua vivência habitual. É uma espécie de 'fuga' da sociedade como ela se vê hoje permeada e por vezes definida por essa tecnologia.

Não é admissível aos confinados qualquer contato com o mundo exterior a aquele e a proibição total de uso de equipamentos eletrônicos ligados à rede ou de comunicação à distância. As pessoas estão lá para interagir e experimentar situações e sensações que só podem ser sentidas, na grandeza de sua totalidade, se na condição face to face. Que situações e sensações são essas: medo, angústia, tristeza, conflitos pessoais, conflitos coletivos, alegrias, tristezas, raiva, frustrações dentre outras tantas.

Você se interessaria por um participante de um reality shou que estivesse fazendo o mesmo que você: twitando ou atualizando o seu blog ou conversando via mensseger, ou mexendo no seu tablet?

Imagine se os chamados 'brothers' estivessem discutindo diariamente do período de confinamento, sobre temas como filosofia política, problemas da educação no século XXI ou sobre Literatura comparada???

Numa reportagem vi que na Europa e nos Estados Unidos existem lugares específicos em que as pessoas pagam para entrar para tentar se 'desligar do mundo lá fora'. É o lugar que eu chamo de 'desintoxicação da conexão'. É um lugar 'mágico' (hahahaha) em que você simplesmente se desconecta, despluga-se. É um ambiente pensado nos mínimos detalhes para que você se sinta relaxado e distante da necessidade de estar 'ligado a' .

Sim, a cultura pós massiva já é massiva. E volto a afirmar que as produções é que são tão distintas. Mas temos que ter cuidado para que essas produções não sejam também massificadas e que não se tornem um substrato de si mesma repetindo-se e repetindo-se.


Vou ali.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre o Vídeo: Fronteiras do Pensamento - com Zygmunt Bauman


Sim, assisti ao vídeo.

Minha conclusão??? Sinceramente, não sei nem por onde começar.
Isso porque Bauman, na sua fala, fez uma espécie de 'raio X' da considerada 'Pós-Modernidade'. E essa avaliação foi tão contundente, tão perspicaz que fica difícil de resumi-la. Daria pra extrair dela teses densas de Doutorado e Pós-Doc.

Lá vai a minha tentativa.

Ele discutiu sobre a mudança no século XX de Sociedade de Produção para Sociedade de Consumo; sobre a chamada fragmentação da vida humana; sobre a Crise da Identidade do indivíduo; Sobre o enfraquecimento da Democracia e a crise do conceito de Estado/nação dentre outros.

No entanto, o que mais me chamou atenção foi sobre a diferença entre Comunidades e Redes. Bauman analisa, de forma generalizada, que Comunidade é algo que estamos inseridos ao nascer (querendo ou não), e que numa Rede, o princípio básico é o de estar ou não conectado - basta a ação de delete que vc estará ou não inserido em determinado grupo e excluir ou não uma pessoa do seu ciclo de amizades. Conecta-se ou desconecta-se.

O verbo 'conectar', no entanto, tem um sentido bem amplo: Deriva-se do Latim: CONNECTIO, “ligamento, junção”; É formada por COM, “junto”, mais NECTERE, “atar, unir”; Unir ou unir-se através de uma conexão; É ficar ligado em alguma coisa, ou seja, ficar fixado. Conectar, segundo o Dicionário Aurélio, dando um sentido atual a palavra, significa ter acesso a, ou contato com alguém, determinadas informações, serviços, entre outros, através de dispositivos computacionais postos em comunicação entre si.

Vamos mais fundo na etmologia da palavra e dar uma conotação mais contundente: pensar na conexão intrauterina entre mãe e filho. A pergunta é: 'Hoje, estamos realmente conectados?'. Estamos fazemos 'amigos' e ficamos invisíveis para o outro.

Quando este pensador discute sobre a diferença entre Redes e Comunidades, não dá apenas a perspectiva de explicitar conceitos, mas de fazermos pensar em questões atualíssimas e centrais como por exemplo as relações públicas e privadas mudaram em detrimento ao progresso da técnica na sociedade da Informação e Comunicação. Ele pergunta: “Que tipo de momento\ordem social vivemos hoje?”.

Encurtamos distâncias, quebramos barreiras, criamos um mundo sem fronteiras, socializamos e compartilhamos o conhecimento... a forma como nos comunicamos hoje em rede é incrível, é impressionante. E também incrível e impressionante é a forma como a técnica (re)configurou noções sólidas a exemplo do Estado. Qualquer alteração seja ela de ordem econômica, política ou social em qualquer parte do mundo, configura-se em reações em cadeia, em consequências vislumbradas em qualquer outra parte do mundo.

Quando ele pergunta que tipo de momento vivemos hoje, está perguntando também que tipo de indivíduo nos tornamos? Que tipo de sociedade estamos construindo?
Terceirizamos nossas responsabilidades, pertencemos a todo e a nenhum lugar, estamos deixando como herança às futuras gerações um mundo a ser construído e reconfigurado a cada segundo. Isso é fantástico, mas quais as consequências disso?

Bauman afirma que um dos principais temores de sua juventude seria o de figurar a opressão vertical onde o Estado se rebelaria, a qualquer instante, contra o indivíduo. No entanto, hoje, lamenta, o perigo maior está derivando-se na instância horizontal onde o privado, onde o indivíduo não importa-se tanto nas discussões para resoluções de problemas no âmbito coletivo. Estamos nos tornando, segundo ele, mônadas isoladas que procuram resolver problemas pessoais e satisfazer a necessidades íntimas.

Num post anterior sobre um texto de Bauman, eu brincava criando uma metáfora dizendo mais ou menos que “...se estamos vivendo um momento de liquidez, então ora bolas, façamos um suco”. Mas depois desse vídeo penso sobre que gosto teria esse suco. Mais adiante eu questiono: que consequências esse suco trará para minha saúde e a saúde de meul filhos e netos?

Não se trata aqui de uma crítica ao uso da Tecnologia e sim ao seu uso instrumental (como ocorreu na crítica de Adorno e Horkheimer ao uso da razão instrumental) 

Finalizo esse brevíssimo comentário (brevíssimo devido a densidade do vídeo), sobre mais outro 'desconforto' que Bauman nos causa ao referir-se a amálgama entre Liberdade e Segurança. Segundo ele, uma coisa não vive sem a outra, numa justa medida, e que sempre buscaremos um equilíbrio entre esses dois binômios. O problema é que cedemos muito de nossa Liberdade individual em prol de uma segurança promovida pela esfera pública.

E o mais aterrorizante é que além de não percebermos a sutileza dessa troca, também não se sabemos exatamente o conceito, o sentido e nem a profundidade da palavra 'liberdade'... por outro lado, na era da Tecnologia, Informação e Comunicação, temos a certeza de que somos livres.

Agora vou comer um pouco de chocolate... Bauman me deprimiu demais.

domingo, 18 de março de 2012

Vídeos sobre Aprendizado Tangencial

Olá...
Abaixo, disponibilizo dois links de programas exibidos pela MTV Brasil, no ano passado, que oferecem uma preciosa introdução para quem se interessa sobre o tema 'Aprendizado Tangencial em Jogos Eletrônicos'.

abr

Vídeo 1
http://www.youtube.com/watch?v=DZRw7gRLX5E

Vídeo 2
http://www.youtube.com/watch?v=3nZx6d4mgcE

sexta-feira, 16 de março de 2012

... A partir de Bauman

No prefácio e no terceiro capítulo do livro “Modernidade Líquida” de Zygmunt Bauman, inevitavelmente tive a sensação de estar sentindo um perfume filosófico atemporal. E essa ainda trazia consigo um misto de saudosismo e frescor aristotélico, marxista e pós-frankfurtiano.

Certo dia assisti a uma apresentação na TV Cultura de Sergio Paulo Rouanet que disse que para entender o visionário marxista era necessário compreender o mundo não só como ele é, mas como ele pode ser. É necessário, portanto ver a natureza mantida em sua sublime forma, mas dotada de ato e potência.

Se, se a verdade é fluida para Bauman, se o conhecimento é determinado pelo agora, se os sólidos estão derretidos, mas não entraram no estado de sublimação, então pega esse troço e faz um suco. Vamos aproveitar dele o que ele tem a oferecer.

O sólido derreteu, mas não evaporou... ele procura o seu espaço, continua a escorrer até desaguar em outros líquidos até formar a porção grande de um rio, de um oceano. Tudo está interligado. O conhecimento hoje está totalmente emaranhado em redes, imbricado com o devir da sociedade, do indivíduo. São mônadas que se intercruzam.

Para muitos teóricos, é difícil entender ou aceitar tamanha inconstância. Para tanto instauram a chamada crise do conhecimento - até mesmo para se sentirem um pouco mais confortáveis diante de um novo conceito e recuperarem o fôlego na sua zona de conforto ou numa bolha asséptica.

Toda solidez traz a ideia de conforto de segurança. E isto é bom, é muito bom. Mas creio que não vale a pena ficar aprisionado somente a ideias, conceitos e hipóteses que foram criados em determinando momento histórico. 

Isso não os invalida. Não, não. Pelo contrário, a história da civilização não percorreu uma avenida reta de piso regular e sim teve que enfrentar ruas, becos, vielas, buracos, subiu e desceu montanhas e sinuosidades... por isso é essencial a manutenção referência da construção do pensamento dos séculos passados.

O que talvez não seja pertinente, seja uma crítica raivosa ou descontrolada ao progresso da técnica (que sempre esteve presente em toda história da humanidade) ou ao conhecimento produzido e compartilhado coletivamente.

Li certa vez numa revista destinada a educação, que a passagem entre o papiro e o códice foi feita de forma lenta. Com o pergaminho a leitura tinha que ser feita linearmente e com o advento do códice, (forma de encadernação) além de uma forma mais ergonômica, permitiu o desenvolvimento e a fruição cultura e do conhecimento por meio de uma leitura mais pontual. Mas essa 'passagem' foi feita de forma lenta e recebeu várias críticas.

Devemos estar nesse hiato de tempo. Sem saber onde o avanço da técnica irá nos levar. Sem saber onde as Tecnologias da Comunicação e da Informação irão conduzir o pensamento humano, o conhecimento. E talvez não saibamos nunca. Não há limites para esse avanço.

Mas como um apreciador do pensamento frankfurtiano e leitor atento dos escritos adornobenjaminianos, mantenho a minha preocupação, assim como Bauman, do que o uso da técnica de forma irresponsável pode trazer tanto a produção do conhecimento quanto à vida em sociedade. Não sei se a palavra/conceito 'alienação' caberia aqui. Talvez a expressão 'reificação do sujeito', conforme Adorno nos brinda, se aplicaria melhor.

A “era da instantaneidade” como cita Bauman (p. 148) não pode nos deixar esquecer de como chegamos atá aqui e nem desvalorizar o esforço de nossos antecessores em construir um edifício filosófico que contivesse a formação cultural da humanidade em prol de uma sociedade mais justa e harmoniosa.

Bauman se mostra um entusiasta da (pós) modernidade, e, assim como eu, lembra que não podemos esquecer, apesar de todo o frenesi e assombro diante do avanço da técnica, que barbáries já foram cometidas em nome do progresso. E talvez tenhamos hoje condições e ferramentas intelecto-culturais para não deixar que aberrações e erros como os feitos no passado, sejam novamente cometidos e que tenhamos toda uma eternidade para nos arrepender.

... é que as vezes quanto mais se sabe, quanto mais se conhece, quanto mais se aprende, mais infeliz se pode ser.

terça-feira, 13 de março de 2012

Retornando à ìtaca

Pensando ainda no Aprendizado Tangencial:

Ulisses se tornou rei, conquistou sua identidade quando, no seu retorno a doce Ítaca, enfrentou diversos perigos e todos à base de sacrifício, renúncias, coragem e astúcia.

Quando uma criança se torna um player de jogos eletrônicos, ela condensa nesse simples ato, e de forma inconsciente, o seu retorno à Ítaca como na "Odisséia" escrita por Homero.

Ela faz muito mais do que jogar; Ela faz muito mais do que entreter-se... ela está formando a sua própria identidade ao passo que joga.

Aprendizado Tangencial é, a grosso modo, tudo aquilo que se aprende e apreende simultaneamente e inconscientemente, paralelo a outra atividade. 

Em miúdos, enquanto se joga, se aprende. 
E muito.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Aprendizado Tangencial

Estou pesquisando sobre aprendizado tangencial. Descobri um cara fora de série... o game design James Portnow (desenvolvedor da série famosa de jogos de videogame "Call of Duty") que discute sobre "Aprendizado Tangencial" em qualquer tipo de game.
E pra você que pensa que games é coisa para criança está redondamente enganado.
É coisa de "gente grande" e tem despertado interesse cada vez maior de educadores e de psicólogos no mundo inteiro.
A pergunta é: "Videogames servem apenas para o entretenimento"?
NÃO. E com o tempo te digo o porque.

até mais
Julio