quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Homenagem aos Imigrantes nos EUA

Essa foi uma singela homenagem de uma fotógrafa aos imigrantes dos EUA que pegam no pesado.
Ela precisa vir até São Paulo pra fazer alguns cliques nas fábricas clandestinas de roupas de lá - condições sub-humanas para os bolivianos, paraguaios, chilenos e de qualquer outra nacionalidade e etnia que se tornam mão de obra excedente e barata.

Imigrantes ilegais viram super-heróis em ensaio nos EUA

Achei Bacana.

abr

" O Futuro é Livre!"


Lembram do Napster??? 


Pois é, quando chegou ao Brasil tornou-se febre entre os que compartilhavam músicas online. Lembro que corri rapidinho para comprar um drive com gravador de CD para baixar minhas músicas em MP3. 
Contraventor, eu???? Deixa quieto.

A banda Metallica, que eu gosto tanto, encabeçada pelo baterista Lars Ulrich (nota: apesar desse lapso de insanidade, o miserável toca muito), entrou com um processo contra a Napster juntamente com o apoio das grandes gravadoras (Sony e Warner) e fecharam-na. E se me recordo bem, pegaram dois ou três cidadãos norte americanos "para cristo" e os processaram para que pagassem alguns mil dólares, cada um, às gravadoras por terem causado prejuízo ao baixar músicas ilegalmente. Foram mostrados para o mundo todo como exemplo. 

Depois disso, o lobby aumentou contra os programas 'p2p' de que utilizá-los seria considerado crime contra o patrimônio - inclusive alguns tutorias meio suspeitos aqui no Brasil desencorajavam os usuários alegando que ao baixar uma música na internet vc poderia estar também trazendo para seu computador 'cavalos de tróia' que apagariam todo o conteúdo do seu disco rígido e tantas outras barbaridades.

Eu vejo atos bem parecidos acontecendo em torno dos chamados software livre.

O lobby é imenso. Começa por uma perspectiva ideológica que se estabelece culturalmente para nós entre o público e o privado (tudo que é público, que é gratuito, não presta). Mas essa 'ideologia' é facilmente incutida na maioria dos brasileiros devido ao fato de que temos exemplo na qualidade precaríssima do serviço público em geral. Logo, quando se ouve que algo é gratuito, como o software livre por exemplo,  as pessoas se remetem imediatamente a essa perspectiva e se estabelece, se consolida a ideia de que sua qualidade é, ao menos, duvidosa.

E tem mais... A maioria dos equipamentos vendidos hoje como impressoras, scaners, jogos eletrônicos e tantos outros equipamentos, já vem com a facilidade do plug and play - funcionando perfeitamente nos softwares licenciados. E aqueles que não são plug and play, e que acompanham drives de instalação em CD, não vem com a opção de instalação de programas livresÉ como um cartel.

Fora o fato de que a maioria desses equipamentos não fornecem esse tipo de suporte mesmo online,  infelizmente.

Quando se compra um PC, note, net ou ultrabook no mercado não se tem a possibilidade de exercício democrático de escolha. A 'vedete' do momento, o windows seven, já vem instalado de fábrica e a maioria dos equipamentos adicionais são todos pré instalados dentro desse mesmo software proprietário. 

Na minha última visita a uma famosa loja daqui de Salvador, especializada em venda de eletrônicos, questionei do vendedor se ele não apresenta a possibilidade ao comprador de levar um software livre pré instalado (ou para instalar) e ele me respondeu,  indagando: "Software Livre? não sei o que é"

Respondi rapidamente a ele, dando o exemplo do LINUX como software Livre. E ele retrucou: 

"Rapaz, ninguém quer o Linux. Mesmo porque não presta. O comprador pergunta logo se tem o Windows instalado. Se não tiver ele paga um pouco a mais pela máquina que tenha, para não ter trabalho de procurar instalar programas para usar a impressora, por exemplo. Outra coisa: tem cliente que não pergunta e dias depois volta com a máquina para trocar por uma que tenha o Windows. Então as máquinas ficam encalhadas no depósito. Além disso, aqui na loja, se eu oferecer uma máquina com o Linux por exemplo, eu estou perdendo dinheiro. O Sr quer uma máquina com o LINUX ?".

O colega que estava do meu lado, o real comprador, de forma polida, educada, respondeu: "Não, Eu não quero essa porra não!". 
Lindo. Se numa frase composta por 7 palavras, três dela são 'não', o que dizer mais???
Nessa situação pude perceber que além de desconhecer o que significa um software Livre, as pessoas tem o Linux, não como tal, mas apenas como 'um programa que não presta e que ninguém quer'. E reproduzem isso com extrema facilidade.

ORCA - Software Livre para Inclusão de Deficientes Visuais
http://samadeu.blogspot.com.br/2007/12/orca-software-livre-para-incluso-dos.html

Pois bem. Creio que além de costume, existe também o medo do novo, o de se (re)adaptar, (re)aprender, (re)instalar e o de (re)conhecer pouco mais sobre toda a ideologia que envolve o software livre. Sergio Amadeu no seu livro "Software Livre: A Luta pela Liberdade do Conhecimento"# , escreve que:

Trabalhar com os elementos diversionistas que permitam ampliar o medo de novas soluções, ampliando as dúvidas sobre quaisquer possibilidades de inovação fora dos limites de seus produtos. Usar todo o seu poder para explorar o controle que tem sobre o mercado de sistemas operacionais para manter aprisionados seus usuários visando controlar o futuro das aplicações [...]Seja feliz, seja prisioneiro! Este é, no limite, o produto final da estratégia do medo. 
(cap VII, pg 54)

Mesmo porque a maioria das pessoas que defendem a chamada 'Inclusão' digital, desconhecem o que trata realmente a política do software livre. Ou melhor, eu ousaria em dizer que, quem defende a política de 'inclusão' digital e que não defende ou que desconhece tudo que está por trás e do que preconiza o movimento do/para softwares abertos, tem apenas um conhecimento superficial do assunto e precisa rever todos esses conceitos que não podem ser, de jeito algum, dissociados. 



Esse livro está disponível: http://www.fpa.org.br/uploads/Software_livre.pdf